Transtorno de Personalidade Histriônica
- Tatiana Moita
- 19 de fev.
- 4 min de leitura

O Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) é caracterizado por um padrão persistente de busca por atenção, emoções intensas e comportamento dramático. Pessoas com esse transtorno tendem a expressar suas emoções de forma exagerada, podem se sentir desconfortáveis quando não estão no centro das atenções e, muitas vezes, utilizam sua aparência ou comportamento para atrair olhares.
Embora a expressividade emocional e a sociabilidade sejam aspectos comuns em muitas pessoas, no TPH essas características ocorrem de maneira excessiva, impactando negativamente os relacionamentos interpessoais e a própria autoestima.
Principais características do transtorno
1. Busca constante por atenção: Sentem-se desconfortáveis quando não são o foco e podem fazer de tudo para recuperar a atenção.
2. Expressão emocional exagerada: As emoções são demonstradas de maneira teatral, muitas vezes desproporcionais à situação.
3. Comportamento sedutor ou provocativo: Podem usar a aparência ou o charme para chamar atenção, independentemente do contexto.
4. Relações superficiais e instáveis: As interações podem parecer intensas, mas costumam ser superficiais e rapidamente descartadas.
5. Sugestionabilidade: São facilmente influenciáveis por opiniões alheias ou pelo ambiente.
6. Dificuldade em lidar com críticas: Podem reagir com extrema sensibilidade a qualquer feedback negativo.
7. Necessidade de aprovação constante: Buscam validação e podem se sentir desvalorizadas se não recebem elogios ou reconhecimento.
Como isso afeta o dia a dia?
O comportamento histriônico pode tornar os relacionamentos interpessoais desafiadores, já que a busca constante por atenção pode ser vista como exagerada ou manipuladora. A instabilidade emocional pode levar a crises dramáticas, dificultando interações no trabalho, na família e nas amizades.
Além disso, o medo de não ser notado pode levar a mudanças frequentes de aparência, gostos e opiniões, dificultando a construção de uma identidade estável.
O que NÃO é o Transtorno de Personalidade Histriônica?
• Não é apenas gostar de atenção. Todos gostamos de reconhecimento, mas no TPH essa necessidade é extrema e interfere na vida diária.
• Não significa ser apenas extrovertido. A sociabilidade não é um problema, mas a busca incessante por atenção pode prejudicar relações interpessoais.
• Não é manipulação consciente. Muitas vezes, as reações intensas são genuínas, ainda que possam parecer exageradas para os outros.
Existe tratamento?
Sim! A terapia é o principal tratamento, ajudando a pessoa a reconhecer padrões de comportamento e a desenvolver formas mais saudáveis de se relacionar. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ser eficaz para melhorar o autocontrole emocional e reduzir a necessidade extrema de validação externa.
Uma visão mais ampla
Com compreensão e suporte, pessoas com Transtorno de Personalidade Histriônica podem aprender a equilibrar suas emoções e a fortalecer suas relações de forma mais saudável e autêntica.
Abaixo, apresentamos uma história fictícia que ilustra como o Transtorno de Personalidade Histriônica pode se manifestar no cotidiano. A narrativa foi criada para tornar esse transtorno mais compreensível, ajudando na conscientização sobre saúde mental.
É importante ressaltar que esta história é completamente inventada e não se baseia em nenhum caso real. Seu objetivo é apenas exemplificar os desafios enfrentados por quem possui esse transtorno.
Nos próximos textos, continuaremos abordando os diferentes transtornos de personalidade, promovendo conhecimento e empatia sobre saúde mental.
Palco da vida: a história de Sofia
Desde criança, Sofia gostava de ser o centro das atenções. Na escola, fazia questão de contar as histórias mais empolgantes, exagerando os detalhes para manter todos fascinados. Seu carisma natural fazia com que estivesse sempre rodeada de amigos, mas qualquer momento em que não recebia atenção a deixava ansiosa.
A busca incessante por atenção
Na vida adulta, Sofia continuou sendo uma pessoa vibrante e envolvente. No entanto, seu desejo por reconhecimento começou a afetar seus relacionamentos. Quando estava em um grupo, falava alto, gesticulava exageradamente e, se sentia que alguém estava roubando sua atenção, logo tentava recuperar seu lugar de destaque.
Se um amigo mencionava um problema, Sofia rapidamente transformava a conversa em algo sobre si mesma. Se alguém elogiava outra pessoa, ela se sentia desconfortável e tentava chamar atenção de alguma forma.
Relações intensas, mas superficiais
Nos relacionamentos amorosos, Sofia se entregava intensamente nos primeiros momentos, sempre demonstrando paixão e envolvimento. No entanto, sua necessidade de validação a fazia buscar constantemente novas conquistas. Se percebia que seu parceiro não lhe dava a atenção esperada, rapidamente perdia o interesse e buscava outro envolvimento.
Certa vez, durante uma festa, sentiu que seu namorado estava mais focado em uma conversa com amigos do que nela. Para recuperar a atenção, fingiu que estava passando mal. Ele correu para ajudá-la, e Sofia sentiu alívio ao ver que era novamente o centro das atenções.
A dificuldade em lidar com críticas
No trabalho, Sofia também se destacava por sua energia e entusiasmo, mas qualquer feedback negativo a abalava profundamente. Se um chefe sugeria melhorias em seu desempenho, ela interpretava isso como um ataque pessoal e reagia de forma emocionalmente intensa, sentindo-se injustiçada e desvalorizada.
Um caminho para a mudança
Com o tempo, Sofia percebeu que sua necessidade de atenção estava afastando as pessoas. Amigos se sentiam sobrecarregados, relacionamentos amorosos não duravam e até no trabalho começava a perceber dificuldades.
Foi quando decidiu procurar ajuda terapêutica. Durante o tratamento, começou a entender que sua busca por validação era, na verdade, um reflexo de sua própria insegurança. Aprendeu a lidar melhor com suas emoções e a construir relações mais equilibradas, onde a atenção dos outros não fosse sua única fonte de autoestima.
O que podemos aprender com Sofia?
A história de Sofia mostra como o Transtorno de Personalidade Histriônica pode afetar o dia a dia. O desejo constante por atenção pode parecer apenas carisma ou extroversão, mas, quando se torna excessivo, pode dificultar relações e gerar sofrimento.
Com apoio terapêutico e autoconhecimento, é possível encontrar um equilíbrio entre expressividade e autenticidade, sem a necessidade de validação constante.
Nota Importante
A história apresentada acima é totalmente fictícia. Ela não se baseia em nenhum caso real ou paciente específico. Seu objetivo é ilustrar, de forma acessível, como o Transtorno de Personalidade Histriônica pode se manifestar no cotidiano, promovendo mais compreensão sobre essa condição.
Referência Bibliográfica
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5-TR. 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023.
Comments