Setembro Amarelo: Empatia, Ação e Conscientização na Prevenção do Suicídio
- Tatiana Moita

- 2 de set. de 2024
- 7 min de leitura

O mês de setembro é marcado por uma campanha de grande relevância social: o Setembro Amarelo. Iniciada no Brasil em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a campanha tem como objetivo principal conscientizar a população sobre a importância de se falar sobre suicídio, oferecendo apoio a quem está em sofrimento e combatendo o estigma em torno da saúde mental.
A Realidade do Suicídio no Mundo
O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, e os números são alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Esses dados colocam o suicídio como a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, superado apenas por acidentes de trânsito, violência interpessoal e doenças. No entanto, essa tragédia não é limitada a uma faixa etária; afeta pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais.
No Brasil, os números também são preocupantes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país registra cerca de 14 mil mortes por suicídio anualmente, sendo a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. O país ocupa a oitava posição no ranking mundial de suicídios absolutos. A Região Sul é a que apresenta as maiores taxas, com destaque para o Rio Grande do Sul, onde a média é de 10,3 suicídios por 100 mil habitantes.
O Papel do Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo surge como uma resposta a essa realidade devastadora, buscando não apenas a prevenção do suicídio, mas também a promoção do diálogo e da empatia. Falar sobre suicídio de forma aberta e acolhedora é fundamental para quebrar o ciclo de silêncio e preconceito que cerca o tema. É uma oportunidade de educar as pessoas sobre os sinais de alerta, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento ou declarações sobre sentir-se sem esperança, e de incentivá-las a buscar ajuda para si mesmas ou para os outros.
Diversos fatores contribuem para o risco de suicídio, incluindo doenças mentais como depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia. Outros fatores incluem abuso de substâncias, histórico de violência, isolamento social e eventos traumáticos, como a perda de um ente querido ou situações de abuso. No entanto, é crucial lembrar que o suicídio é um fenômeno complexo, frequentemente resultado de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
A importância da rede de apoio não pode ser subestimada. Ao longo deste mês, mais do que apenas prestar atenção a campanhas e informações, é crucial que sejamos o suporte necessário para aqueles ao nosso redor. Uma rede de apoio sólida pode transformar a vida de quem está em sofrimento. Oferecer uma escuta ativa, sem julgamentos, é muitas vezes o primeiro passo para ajudar alguém a encontrar seu caminho de volta à vida. Sejamos presença, compreensão e força para aqueles que precisam.
Onde buscar ajuda é uma questão fundamental quando você ou alguém que conhece está passando por um momento difícil. É importante saber que existem recursos disponíveis para oferecer apoio. O CVV, por exemplo, disponibiliza suporte emocional gratuito 24 horas por dia através do telefone 188, chat, e-mail e em seus postos de atendimento. Além disso, buscar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra é uma medida crucial para o cuidado da saúde mental. Não hesite em procurar o suporte necessário para enfrentar e superar desafios.
O Papel do Psicólogo no Setembro Amarelo
O psicólogo desempenha um papel fundamental no contexto do Setembro Amarelo e na prevenção do suicídio ao longo de todo o ano. Como profissional de saúde mental, ele é treinado para identificar sinais de risco, proporcionar suporte emocional e criar estratégias terapêuticas que auxiliem o paciente a lidar com suas dores e angústias.
Durante o Setembro Amarelo, o psicólogo atua não apenas no atendimento direto aos pacientes, mas também na conscientização da população sobre a importância da saúde mental. Ele promove diálogos abertos e seguros sobre temas que muitas vezes são considerados tabu, como a depressão, a ansiedade e o próprio suicídio, ajudando a desmistificar e a humanizar esses problemas.
Além disso, o psicólogo oferece suporte essencial para os familiares e amigos que ficaram ajudando-os a enfrentar o luto complicado que acompanha o suicídio. Através de sessões de terapia, o psicólogo auxilia esses enlutados a processarem seus sentimentos de culpa, vergonha e tristeza, permitindo que encontrem um caminho para a cura e a ressignificação da perda.
O Setembro Amarelo nos lembra da importância de buscar ajuda profissional quando as emoções se tornam pesadas demais para carregar sozinhos. O psicólogo está ali para ouvir, acolher e ajudar a construir novas perspectivas e formas de enfrentamento. Em muitos casos, ele pode ser a diferença entre a vida e a morte, oferecendo a luz necessária para que alguém encontre esperança em meio à escuridão.
Neste mês de conscientização, que possamos valorizar ainda mais o papel do psicólogo e da saúde mental em nossas vidas. Buscar ajuda é um ato de coragem e cuidado consigo mesmo, e o psicólogo é o profissional preparado para caminhar ao nosso lado nesse processo de autodescoberta e cura. Que o Setembro Amarelo inspire todos a cuidar da mente com a mesma dedicação com que cuidamos do corpo, e que possamos, juntos, construir uma sociedade mais empática e acolhedora.
As Consequências do Suicídio: O Rastro de Dor e o Luto Complexo
O suicídio não é um ato isolado que termina com a morte do indivíduo. Ele deixa um rastro de dor profundo e duradouro para aqueles que ficam. Pais, irmãos, filhos, amigos. Todos são impactados por uma perda que carrega uma carga emocional extremamente pesada. O luto por suicídio é uma das formas mais complicadas de luto, pois além da dor da perda, os que ficam muitas vezes são assombrados por sentimento de culpa, vergonha e impotência.
Para os familiares e amigos, o suicídio pode gerar uma sensação de fracasso pessoal, como se tivessem falhado em proteger ou ajudar a pessoa que amavam. Perguntas como “Por que eu não percebi?” ou “O que eu poderia ter feito de diferente?” são comuns, mas muitas vezes não têm respostas claras. Esse tipo de luto é marcado por uma busca incessante por explicações que nunca chegam, o que pode prolongar e intensificar o sofrimento.
A verdade é que, na maioria dos casos, o suicida não quer necessariamente morrer; ele quer acabar com a dor que está sentindo. É uma dor tão intensa e insuportável que parece não haver outra saída. No entanto, essa ação que busca alívio acaba por transferir essa dor para aqueles que ficam criando um ciclo de sofrimento que se estende indefinidamente.
O processo de luto após um suicídio é permeado por sentimentos de solidão, incompreensão e, muitas vezes, estigmatização. A sociedade, ainda que esteja evoluindo no tratamento da saúde mental, muitas vezes não sabe como lidar com o luto por suicídio, o que pode fazer com que os enlutados se isolem ainda mais.
Além disso, o suicídio deixa um legado de perguntas sem respostas, tornando o luto ainda mais difícil. Sem uma carta de despedida ou explicação, os familiares e amigos são forçados a aceitar uma realidade dolorosa sem o fechamento que normalmente ajuda no processo de elaboração.
É crucial que, durante o Setembro Amarelo, além de promovermos a prevenção do suicídio, também ofereçamos suporte e compreensão para aqueles que foram afetados por essa perda. O luto por suicídio é um luto que precisa ser validado e acolhido com todo o cuidado e sensibilidade possíveis. Os enlutados precisam de um espaço seguro para expressar sua dor, sem julgamento, para que possam, aos poucos, reconstruir suas vidas.
Portanto, ao falarmos de suicídio, é importante lembrar não apenas do indivíduo que tira a própria vida, mas também das vidas que são profundamente afetadas por essa perda. A dor do suicídio é uma ferida que atinge a todos ao redor, e cada pessoa que enfrenta essa realidade precisa de apoio, compreensão e, acima de tudo, de tempo para encontrar seu caminho de volta à luz.
Que o Setembro Amarelo nos ensine a importância de estar presente, de ouvir e de oferecer nosso apoio, não só para prevenir o suicídio, mas também para ajudar aqueles que vivem as consequências devastadoras dessa tragédia.
Reflexão Final
O Setembro Amarelo nos convoca a olhar para além das aparências e a reconhecer que, muitas vezes, por trás dos sorrisos que encontramos no dia a dia, podem se esconder dores imensas e silenciosas. É um convite para que olhemos com mais profundidade para o sofrimento psíquico, lembrando-nos de que, muitas vezes, a dor não é visível, mas é igualmente real e devastadora.
Este mês é um lembrete poderoso de que a prevenção do suicídio é uma responsabilidade coletiva. Cada um de nós desempenha um papel crucial nesse processo, seja oferecendo um ouvido atento, uma palavra de conforto ou um gesto de apoio genuíno. Ao abordarmos o tema do suicídio de forma aberta e honesta, contribuímos para desestigmatizar o sofrimento mental e quebrar o silêncio que muitas vezes impede aqueles em crise de buscar ajuda.
Ser a voz que acolhe, o ouvido que escuta e o abraço que conforta é mais do que uma ação simbólica; é uma forma de demonstrar empatia e solidariedade em um momento de vulnerabilidade. O Setembro Amarelo nos lembra de que a prevenção do suicídio começa com pequenos atos de cuidado e compreensão, que podem, muitas vezes, fazer toda a diferença na vida de alguém.
Que este mês seja um chamado para a ação consciente e compassiva. Que possamos, juntos, construir uma rede de apoio onde cada pessoa saiba que há esperança, que não está sozinha e que há sempre uma saída para a dor. O Setembro Amarelo é mais do que uma campanha; é um convite para uma mudança de atitude, uma oportunidade de transformar a empatia em ação e de criar uma sociedade mais acolhedora e compreensiva.
Vamos, então, fazer de setembro um mês de diálogo, apoio e solidariedade, reforçando que a saúde mental é uma prioridade para todos nós. Que possamos ser, uns para os outros, o apoio que precisamos em momentos de dificuldade e, assim, contribuir para um mundo onde o cuidado e a compreensão prevaleçam sobre o silêncio e o estigma.





















Setembro Amarelo é mais do que uma campanha; é um chamado à ação e empatia. Falar sobre suicídio, oferecer apoio e desestigmatizar a saúde mental são passos essenciais. Juntos, podemos criar uma rede de compreensão e esperança. 🌟💛 #SetembroAmarelo #SaúdeMental