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Pais como espelhos: que padrões seus filhos estão seguindo?

  • Foto do escritor: Tatiana Moita
    Tatiana Moita
  • 29 de jul.
  • 3 min de leitura
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Não existe manual ou fórmula perfeita para criar um filho. A parentalidade é um exercício contínuo de aprendizado, tentativa e, muitas vezes, de revisão de atitudes. No entanto, há uma pergunta simples e ao mesmo tempo profunda, que pode servir como ponto de partida para essa reflexão: “Eu sou a pessoa que gostaria que meu filho se tornasse?”

Muitos pais e mães não se dão conta de que são o primeiro e mais potente espelho que os filhos têm. Antes mesmo de aprenderem a falar ou escrever, as crianças aprendem observando. E o que elas observam, acima de tudo, é o comportamento daqueles que as cercam mais de perto: seus cuidadores.

 

A construção social da identidade

 

Cada ser humano é resultado de um entrelaçamento entre aspectos individuais, culturais e familiares. Como lembra a psicóloga brasileira Ana Bock (2008), nossa subjetividade é construída nas relações sociais. Isso significa que quem somos é moldado pelas interações que temos com o mundo e, sobretudo, pelas experiências vividas em família.

Desde cedo, as crianças absorvem não apenas palavras e hábitos, mas também valores, crenças, modos de reagir, lidar com conflitos e expressar emoções. Se um lar é marcado por diálogo, afeto e respeito, esses elementos tendem a se tornar parte do repertório emocional do filho. Se, ao contrário, o ambiente é de agressividade, intolerância ou negligência emocional, isso também será internalizado como referência.

 

O ciclo que se repete

 

É comum ouvirmos frases como: “Não quero ser igual aos meus pais”, “Vou criar meus filhos de outro jeito”, ou ainda “Na minha época era assim, e eu sobrevivi”. O que muitos pais não percebem é que, mesmo com a intenção de fazer diferente, os padrões internalizados na infância têm força e persistência. Muitas vezes, repetimos atitudes automaticamente, sem pensar, porque elas nos foram ensinadas como “o certo”.

Segundo Bandura (2021), os comportamentos humanos são amplamente aprendidos por meio da observação de modelos significativos, como os pais. Esse processo, chamado de modelagem, influencia não apenas ações externas, mas também a forma como cada indivíduo acredita em sua capacidade de agir no mundo.

 

Uma pergunta que transforma

 

Diante disso, vale retomar a pergunta inicial: “Eu sou o tipo de pessoa que desejo que meu filho se torne?” Essa questão pode doer. Mas também pode ser libertadora. Ela não busca perfeição, porque ela não existe, mas convida à honestidade. Convida o adulto a olhar para si, para sua história, seus traumas, suas repetições, e a se perguntar: “Que tipo de exemplo eu estou dando? Eu cuido das minhas emoções? Como lido com frustrações? Como trato as pessoas? Como trato meu próprio filho?”

Ao fazer esse exercício, muitos pais percebem que criar um filho é, também, uma oportunidade de se recriar. Educar exige não apenas ensinar, mas também aprender, inclusive com os próprios filhos.

 

Não há receitas, mas há caminhos

 

Como aponta Ribeiro (2021), o exercício da parentalidade envolve não apenas fornecer cuidados físicos, mas também desenvolver habilidades sociais educativas, que são aprendidas principalmente por observação e interação. A maneira como os pais lidam com emoções, resolvem problemas e se comunicam serve de modelo direto para os filhos.

Ser pai ou mãe não é garantir que o filho nunca vá errar, sofrer ou se frustrar. É, antes, oferecer ferramentas emocionais para que ele saiba lidar com a vida e isso se faz com exemplos. Um bom exemplo não é alguém perfeito, mas alguém que tenta, que se responsabiliza, que pede desculpas, que aprende com os próprios erros.

 

Conclusão

 

Se quisermos filhos emocionalmente saudáveis, empáticos e críticos, precisamos olhar com honestidade para o que estamos ensinando com palavras, atitudes e silêncios. Afinal, os filhos não aprendem apenas com o que dizemos, mas principalmente com o que fazemos e somos.

Portanto, antes de corrigir um comportamento do seu filho, pergunte-se: “Será que ele está apenas me imitando?”


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BANDURA, Albert. Autoeficácia: a ciência de acreditar que pode. Tradução: Cecília F. M. Souza. São Paulo: Artmed, 2021.

 

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

 

RIBEIRO, Maria Cristina Oliveira. Parentalidade e habilidades sociais educativas: uma proposta de intervenção preventiva. In: DEL PRETTE, Zilda Aparecida Pereira; DEL PRETTE, Almir (orgs.). Habilidades sociais e relacionamento interpessoal: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Hogrefe, 2021. p. 187–207.

 
 
 

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