🌻Entendendo o Suicídio: Uma Abordagem Sensível e Informativa
- Tatiana Moita

- 24 de abr.
- 4 min de leitura

O suicídio é um tema complexo, delicado e, infelizmente, ainda cercado de tabus. Falar sobre ele de maneira clara, empática e informativa é essencial para que possamos compreender melhor o sofrimento humano e, principalmente, para que possamos ajudar quem está passando por momentos de dor extrema. Como psicóloga e escritora, meu objetivo é trazer uma reflexão profunda, mas acessível, sobre esse assunto, utilizando a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) como base para entender os pensamentos e comportamentos associados ao suicídio.
O que é o Suicídio?
O suicídio é um ato intencional de tirar a própria vida, geralmente associado a um profundo sentimento de desesperança, dor emocional e a percepção de que não há saída para o sofrimento. Ele não é um ato de fraqueza ou egoísmo, como muitas vezes é erroneamente interpretado, mas sim um sinal de que a pessoa está em um estado de extrema angústia e não consegue enxergar outras alternativas para aliviar sua dor.
Na perspectiva da TCC, o suicídio está frequentemente ligado a padrões de pensamentos disfuncionais, como a crença de que a vida nunca melhorará, de que a pessoa é um fardo para os outros ou de que a morte é a única solução para o sofrimento. Esses pensamentos são chamados de “distorções cognitivas” e podem levar a comportamentos autodestrutivos quando não são identificados e trabalhados.
Fatores de Risco
Vários fatores podem contribuir para o risco de suicídio, incluindo:
1. Transtornos Mentais: Condições como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtornos de ansiedade estão frequentemente associadas ao risco de suicídio. A depressão, em particular, é um dos principais fatores, pois gera sentimentos de desesperança e desvalorização.
2. Histórico Pessoal e Familiar: Pessoas que já tentaram suicídio antes ou que têm histórico familiar de suicídio estão em maior risco. A exposição ao suicídio de alguém próximo também pode aumentar a vulnerabilidade.
3. Eventos Estressantes: Situações como perda de um ente querido, desemprego, divórcio, abuso ou trauma podem desencadear pensamentos suicidas, especialmente em pessoas que já estão emocionalmente fragilizadas.
4. Isolamento Social: A falta de suporte social e o sentimento de solidão podem agravar a sensação de desesperança, aumentando o risco de suicídio.
5. Uso de Substâncias: O abuso de álcool e drogas pode reduzir a capacidade de lidar com o estresse e aumentar a impulsividade, elevando o risco de comportamentos suicidas.
Sinais de Alerta
É importante estar atento aos sinais que podem indicar que alguém está pensando em suicídio. Alguns desses sinais incluem:
- Falar sobre morte ou suicídio com frequência.
- Expressar sentimentos de desesperança ou falta de propósito.
- Isolamento social e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas.
- Mudanças bruscas de humor, como passar de uma tristeza profunda para uma aparente calma.
- Comportamentos autodestrutivos, como dirigir de forma imprudente ou abusar de substâncias.
- Fazer preparativos para a morte, como escrever cartas de despedida ou organizar pertences.
Como Ajudar?
Se você perceber que alguém próximo está demonstrando sinais de risco, é importante agir com empatia e cuidado. Aqui estão algumas orientações:
1. Converse com a pessoa: Mostre-se disponível para ouvir sem julgamentos. Pergunte diretamente se ela está pensando em suicídio. Isso não vai “dar ideias” à pessoa, mas pode abrir espaço para que ela fale sobre seus sentimentos.
2. Ofereça suporte emocional: Demonstre que você se importa e que a pessoa não está sozinha. Frases como “Eu estou aqui por você” ou “Você é importante para mim” podem fazer uma grande diferença.
3. Incentive a busca por ajuda profissional: Sugira que a pessoa procure um psicólogo ou psiquiatra. A TCC, por exemplo, é uma abordagem eficaz para trabalhar pensamentos disfuncionais e comportamentos associados ao suicídio.
4. Mantenha contato: Continue acompanhando a pessoa, mesmo após a crise inicial. O suporte contínuo é fundamental para a recuperação.
5. Cuide de si mesmo: Ajudar alguém em risco de suicídio pode ser emocionalmente desgastante. Não hesite em buscar suporte para si mesmo, seja através de amigos, familiares ou profissionais.
Prevenção ao Suicídio
A prevenção do suicídio envolve a conscientização da sociedade, a redução do estigma em torno dos transtornos mentais e o acesso a tratamentos adequados. A TCC, por exemplo, pode ajudar a pessoa a identificar e modificar pensamentos disfuncionais, desenvolver habilidades de enfrentamento e construir uma visão mais realista e esperançosa da vida.
Além disso, campanhas de prevenção, como o Setembro Amarelo 🎗️, são fundamentais para disseminar informações e promover a discussão aberta sobre o tema. A educação emocional nas escolas e no ambiente de trabalho também pode contribuir para a identificação precoce de sinais de risco.
Considerações Finais
O suicídio é uma questão de saúde pública que exige atenção, cuidado e empatia. Compreender os fatores de risco, reconhecer os sinais de alerta e oferecer suporte adequado são passos essenciais para ajudar quem está passando por esse sofrimento. A TCC nos ensina que, ao mudar a forma como pensamos, podemos mudar a forma como nos sentimos e agimos. Portanto, a esperança e a mudança são possíveis, mesmo nos momentos mais difíceis.
Se você ou alguém que você conhece está passando por uma crise, não hesite em buscar ajuda. A vida é preciosa, e sempre há alternativas para o sofrimento. 💛
Referências Bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BECK, A. T.; ALFORD, B. A. Depressão: causas e tratamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
SETEMBRO AMARELO. Campanha de prevenção ao suicídio. Disponível em: [https://www.setembroamarelo.com/); (https://cvv.org.br/) Acesso em: 23 mar. 2025.





















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