Empatia: A Essência do Respeito à Dor Alheia
- Tatiana Moita

- 5 de set. de 2024
- 4 min de leitura

"Hoje, resolvi escrever sobre empatia e respeito porque senti na pele a falta desses valores. Assim como eu, sei que muitas pessoas vivem essa experiência diariamente, e, por isso, quis compartilhar um pouco da minha história e da dor que enfrentei pela manhã. Estamos vivendo em um mundo que, infelizmente, está adoecido pela falta de humanidade. A empatia, que deveria ser uma prática cotidiana, está se perdendo, e isso fere ainda mais quem já carrega dores profundas. Espero que, ao contar o que passei, este texto possa tocar o coração de quem lê e reforçar a importância de sermos mais humanos uns com os outros."
Empatia é um valor fundamental que, muitas vezes, parece ser negligenciado. Em um mundo onde o sofrimento é inerente à vida humana, a capacidade de se colocar no lugar do outro, respeitar suas dores e oferecer um acolhimento sincero deveria ser natural. No entanto, nem sempre é isso que encontramos. Recentemente, mais precisamente hoje, vivi uma situação que me fez refletir sobre a falta de empatia que ainda permeia muitos ambientes, até mesmo aqueles que deveriam ser espaços de cuidado, como os consultórios médicos.
Como mãe enlutada, posso afirmar que a dor da perda de um filho não se esvai com o tempo. Ela se transforma, é ressignificada, mas permanece como uma marca indelével na alma. Nós, mães que vivemos essa experiência, aprendemos a carregar essa dor, tijolo por tijolo, construindo uma nova forma de existir. No meu caso, encontrar um propósito foi essencial para seguir em frente. Foi assim que surgiu meu blog, um espaço para compartilhar reflexões psicológicas, tentar ajudar os outros e encontrar sentido em meio ao caos. Cada postagem que faço é uma tentativa de transformar dor em força, de dar aos meus dias um novo propósito, muitas vezes contando minhas histórias.
Contudo, ao longo dessa jornada de reconstrução, nos deparamos com situações em que, em vez de acolhimento e empatia, encontramos descaso e indiferença. E isso fere profundamente. Recentemente, fui a uma consulta médica em busca de ajuda para enfrentar os desafios emocionais que se intensificaram ao longo do tempo. Era uma decisão difícil, mas necessária. O luto, que pensei ter sob controle, foi acentuado por novos gatilhos, como a perda dos bens do meu pai em uma enchente, além de outras experiências dolorosas que ainda me afetam. Percebi que precisava de apoio especializado para continuar.
O que encontrei, porém, foi um profissional que, em vez de oferecer acolhimento e escuta, me tratou com uma frieza e dureza que só aumentaram o meu sofrimento. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu tentava compartilhar o peso da minha dor, e, ainda assim, ele permaneceu impassível. Suas palavras cortaram fundo, trazendo uma nova dor, aquela que só o descaso pode provocar. Naquele momento, senti falta de algo que é essencial na vida de qualquer pessoa: empatia.
E isso me leva ao ponto central desta reflexão. Ser empático não é apenas uma qualidade desejável, é uma obrigação humana. A empatia é o ato de olhar para o outro e entender que, por trás de cada sorriso, cada lágrima, cada silêncio, existe uma história, uma luta, uma dor. E quando falamos de pessoas enlutadas, essa empatia deve ser ainda mais delicada, pois a dor de quem perdeu alguém, especialmente um filho, é imensurável. Só quem viveu essa experiência pode entender o quanto essa dor nos torna vulneráveis.
Respeitar a dor do outro é fundamental. Não sabemos o que o outro está enfrentando, não temos ideia dos desafios e das perdas que marcaram sua vida. Por isso, o mínimo que podemos fazer é acolher, escutar, sem julgamentos, sem pressa. Muitas vezes, um olhar atento e uma palavra suave podem fazer toda a diferença para quem está em sofrimento. O contrário, a indiferença e o desprezo, podem ser o gatilho que intensifica uma dor já insuportável.
Como psicóloga, vejo diariamente a importância da empatia no tratamento de meus pacientes. É um princípio básico da psicologia: entender o outro a partir da sua perspectiva, respeitar suas emoções e oferecer um espaço seguro para que ele possa se expressar. No entanto, essa não é uma responsabilidade apenas dos profissionais de saúde. Todos nós, em nossas interações cotidianas, precisamos exercitar essa capacidade de nos importar verdadeiramente com o outro.
A vida já é repleta de desafios e perdas suficientes. O mínimo que podemos fazer é criar um ambiente de apoio mútuo, de respeito e acolhimento. Que cada um de nós possa se lembrar, sempre, que não sabemos o peso que o outro está carregando, e que a nossa palavra, o nosso gesto, pode ser a diferença entre aliviar uma dor ou aumentá-la. Não precisamos passar por cima dos sentimentos de ninguém, não precisamos acelerar os processos que o outro ainda está digerindo.
A empatia é uma forma de humanidade, e precisamos dela em todas as áreas da vida. Seja na vida pessoal, nos relacionamentos, no trabalho ou em uma consulta médica, a empatia deveria ser o princípio que norteia nossas ações. E eu espero, sinceramente, que ninguém tenha que passar pela dor de ser tratado com indiferença em um momento de sofrimento profundo. Porque, no fim das contas, respeito e empatia são os pilares que sustentam uma convivência verdadeiramente humana.
Por isso, ao longo da minha caminhada, continuarei buscando ser empática, continuarei levantando a bandeira do acolhimento, e espero que, aos poucos, possamos construir um mundo onde a dor do outro seja sempre respeitada. Afinal, ninguém sabe a batalha interna que cada um enfrenta. Vamos respeitar, vamos ser empáticos! É o mínimo que podemos fazer!





















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