A Delicada Arte de Continuar
- Tatiana Moita

- 17 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jan.

Há dias em que o peso do mundo se faz mais presente. Acordamos com um vazio difícil de preencher, uma melancolia silenciosa que nos faz querer permanecer na cama, afastados da vida que corre lá fora. É nesses momentos que nossas dores e traumas parecem mais palpáveis, como cicatrizes que ardem ao menor toque da lembrança.
Nessas manhãs, levantar-se se torna um desafio. Cada movimento parece desproporcional ao que restou da nossa força, e a ideia de enfrentar o dia parece quase insuportável. Mas, ao mesmo tempo, há uma voz interna, talvez frágil, talvez teimosa, que nos sussurra sobre a importância de continuar. Não porque o mundo espera isso de nós, mas porque, no fundo, sabemos que precisamos disso para nós mesmos.
Nossos sentimentos, muitas vezes, são como o tempo lá fora. Talvez hoje você tenha acordado, aberto a janela, e se deparado com um dia nublado, quando na verdade esperava um sábado de sol brilhante e céu claro. Esse contraste pode ser desanimador, refletindo o estado de nossa alma. Mas, mesmo quando o sol não aparece lá fora, ainda podemos encontrá-lo dentro de nós. A beleza de viver está em nossa capacidade de fazer o sol brilhar internamente, mesmo nos dias mais cinzentos.
A vida, em sua complexidade, é feita de momentos como esses. É feita de altos e baixos, de dias de pura luz e de noites que parecem intermináveis. Todos carregamos feridas invisíveis, histórias não contadas e batalhas travadas em silêncio. E é justamente nessas batalhas internas que reside nossa maior força.
Não há vergonha em reconhecer a dor, em admitir que, às vezes, o fardo parece pesado demais. No entanto, é importante lembrar que mesmo nos momentos de maior escuridão, há uma pequena chama que se recusa a se apagar: a chama da esperança, da resiliência, da vida que, apesar de tudo, continua a pulsar dentro de nós.
Hoje pode ser um desses dias difíceis. E está tudo bem. Mas, ao permitir-se sentir, ao acolher essa dor sem reservas, você também permite que ela passe, que ela siga seu curso. E quando o fizer, talvez você se sinta um pouco mais leve, um pouco mais capaz de dar aquele primeiro passo. Continuar não significa ignorar suas dores ou fingir que está tudo bem. Continuar é um ato de coragem, é a decisão consciente de que, apesar das quedas, das perdas, e das cicatrizes, você ainda escolhe viver. Escolhe levantar, ainda que devagar, ainda que com o coração pesado. Porque viver, em sua essência, é resistir. É permitir que o sol penetre pelas frestas da alma, mesmo quando o dia parece nublado.
Então, hoje, se tudo o que você conseguir for sair da cama, tomar um café, sentir o vento no rosto, já terá feito muito. Cada pequeno gesto é um lembrete de que, sim, você pode seguir em frente. Não porque a dor desapareceu, mas porque você decidiu que a vida ainda vale a pena, mesmo com toda a sua complexidade.
Você não está sozinho nesse caminho. Todos nós, em algum momento, sentimos o peso de continuar. Mas é nessa jornada compartilhada que encontramos força, uns nos outros, e em nós mesmos. Que seu dia seja leve, que sua alma encontre paz, e que você se lembre: continuar, mesmo que aos poucos, é um ato de amor próprio.
"E a cada novo passo, por menor que seja, você se aproxima de dias em que a luz se faz mais forte, e a vida, apesar de tudo, ainda é bela."





















Anônimo17 de agosto de 2024 às 14:40
Que dias de sol brilhante sejam mais frequentes do que nublados. Naray